Livros que nos entram casa adentro

No primeiro post do nosso blog, vamos-vos propor 5 sugestões, 5 livros que nos entram casa adentro; uma das nossas paixões: livros de Artes Decorativas! Contudo, essa proposta tem um toque precioso: vamos mostrar livros que na sua larga maioria mostram as Artes Decorativas orientais e a sua directa repercussão e influência no Ocidente.

Muitos deles cobrem os séculos e a gesta onde os portugueses com o seu comércio muito activo com as Índias Ocidentais e com o longínquo Extremo Oriente, contribuíram activamente para uma miríade de manifestações artísticas ao trazerem o requinte oriental para dentro das suas residências apalaçadas. Manifestaram, assim, um savoir-vivre único e souberam levá-lo a outras nações europeias. A todos os níveis, bem entendido, mas particularmente na porcelana e na faiança (com manifestações nas técnicas da azulejaria), no mobiliário, nos têxteis e nas belíssimas colchas, em inúmeras minuciosas aplicações artísticas em outros meios (exemplos das belíssimas e delicadas chinoiseries pintadas, nos apliques metálicos de ornamentação e nas lacas dos nossos móveis).

Vasos e jarrões decorativos e armoriados, terrinas, pratos, tapetes, tapeçarias, contadores, cadeiras e mesas, altares e suas estátuas, retábulos de práticas religiosas privadas e íntimas, pinturinhas e quadros a óleo … e tantas coisas mais, foram estes exemplos que nos entraram – ostensivamente – “casa adentro”! Estas estórias portuguesas são exemplar e soberbamente contadas nos livros que nos entram casa adentro que vos propomos apreciar. Comecemos!

1
Art of the Expansion and Beyond |Capa dura encadernado com ilustração editorial e sobre-capa a cores | 188 páginas | 29.5 x 23.9 x 2 cm | Profusamente Ilustrado com 122 ilustrações a cores e 2 a preto-e-branco

Magnífico catálogo académico que explora a porcelana e obras de arte da África, Índia, China e Japão dos séculos XVI a XVIII, com introdução de Alexandra Curvelo e entradas de Teresa Canepa.

O livro, de belíssima constituição gráfica e papel de alta qualidade, inclui uma breve discussão sobre a complexa rede comercial que existia globalmente nos teatros geográficos onde os portugueses se movimentarão, mas antes da sua chegada. Fornece também, uma visão do império ímpar estabelecido pelos mesmos.

Focando obras de arte que vão da placa de latão do Reino do Benim, passando pela caixa de casca de tartaruga e dois objetos sobrepostos de mástique preto e madrepérola de Gujarat, ou um grupo de porcelanas raras para exportação e uma peneira de laca da China e três objetos namban do Japão, esses objetos focam as actividades dos artesãos locais em vários materiais e técnicas decorativas.

Servem para ilustrar essa grande época de contacto precoce e as relações comerciais e mostram como a cultura e a arte europeias, particularmente portuguesas, influenciaram o mundo a partir do século XV.

Outras Sugestões:

2
La Compagnie de Jesus et le Japon | Capa mole com ilustração editorial |723 páginas | 28 x 20 x 5 cms

O livro é magnífico, tanto pelo texto de Léon Bourdon, que trabalhou cerca de vinte anos na sua apresentação (tese de doutoramento) como pelo vivo que ainda se mantém no estabelecimento das relações religiosas e sociais que a Companhia de Jesus estabeleceu no Império do Sol Nascente, através dos seus missionários.

Quanto mais não fosse, elogiemos a lindíssima sobre-capa lustrosa ilustrada, que nos apresenta um delicioso pormenor de um biombo de Namban, onde um jesuíta entabula uma conversa com um nipónico.

Outras Sugestões:

3
After The Barbarians II: Namban Works of Art for the Japanese, Portuguese and Dutch Markets| Capa dura | 354 páginas | 30.6 x 24.2 x 3.7 cm | Profusamente Ilustrado

Este é provavelmente o nosso número 1 entre os Livros mais bonitos da loja. Um dos melhores álbuns de arte jamais produzidos! Com a chancela Jorge Welsh, sinónimo de qualidade, o album “After The Barbarians” é um daqueles livros que nos entram pela casa adentro e é obrigatório ter e amar. Com alguma reverência.

Esta luxuosa edição retrata uma arte simbiótica entre o ocidente e o oriente, com prevalência para estes últimos e explora 48 peças excepcionais de arte Namban feitas para os mercados ocidentais.

Com papel de uma elevadíssima qualidade tem um primor inultrapassável no design gráfico. É profusamente ilustrado com 250 ilustrações coloridas e 25 ilustrações a preto-e-branco, sendo que algumas das imagens são desdobráveis, para darem uma melhor ideia da qualidade das peças que são tratadas.

Outras Sugestões:

4
Portugal na Porcelana da China: 500 Anos de Comércio|
Santos, A. Varela. 4 volumes| 1302 páginas | 799 ilustrações a cor | Texto bilingue

Esta colecção em 4 volumes é, por si só, já é uma peça de arte gráfica. O refinamento gráfico, a qualidade do papel, a busca iconográfica rica, abundante, variada e multifacetada, uma busca incessante e algo rara nestas edições (porque muito onerosa), é um dos verdadeiros atributos qualitativos desta edição.

Este é o tão esperado e abrangente estudo da porcelana chinesa feita especificamente para o mercado português. Englobando cinco séculos e sendo a primeira obra desta magnitude nesta área, relaciona a história do comércio de Portugal com a China, através de uma documentação completa das peças de porcelana encomendadas especialmente pelos portugueses.

Dezenas de ensaios brilhantemente informativos e conduzidos pelos principais estudiosos de cada matéria, complementam o estudo do tema ajudando a interpretar, estudar e desenvolver a história e o significado do comércio da porcelana entre Portugal e a China.

Pinturas da época, mobiliário, artes decorativas, tapeçarias, livros e gravuras, heráldica e as próprias peças de porcelana fotografadas com espantosa qualidade, tudo faz parte desta busca incessante pela ilustração de um texto já de si muito rico e preciso, cientificamente exacto!

Outras Sugestões:

5.

Biombos Namban | Capa dura | 100 páginas | 30 x 24 x 1,4 cm | Livro bilingue

Descrição belamente ilustrada dessas telas japonesas fabricadas durante o século XVI, quando os navegadores portugueses e o clero missionário desembarcaram na Terra do Sol Nascente para fazer comércio e propagar o Cristianismo. 

“O par de biombos Namban do Museu Nacional de Soares dos Reis foi adquirido pelo Estado Português em 1955 […] Esta publicação pretende examinar em detalhe estas peças e o seu contexto histórico. Para além da sua qualidade estética indiscutível, o seu significado histórico e cultural justifica o entusiasmo e o fascínio de muitos que os encontram durante uma visita ao Museu[…]”.

Os artesãos e ártifices japoneses, usando métodos muito simples e cores garridas, mas simples, para realçar as representações dos visitantes europeus (portugueses), fazem assim “[…] peça[s] de mobiliário japonês, cuja função inicial é claramente estranha para nós, torna-se um documento de rico significado[…].

“Aos olhos ocidentais, a sua decoração descreve minuciosamente com invulgar delicadeza a chegada do navio português que anualmente atracava no sul do Japão, numa iniciativa comercial que estabelecia o elo de ligação entre mundos até então desconhecidos. A importância dada à chegada dos portugueses, e a consequente abertura do Japão a novos mundos, é ainda hoje visível nas frequentes visitas de japoneses que aqui vêm com o propósito de ver estes ecrãs.”

Excerto da introdução de Maria João Vasconcelos.

Outras Sugestões: